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Você não é o centro!


Os santos não são pessoas “como nós” no que diz respeito às suas obras e ensinamentos.

O processo de canonização é o processo pelo qual peritos em teologia analisam o modo de vida e a obra de um candidato à honra dos altares. Ainda que não tenha sido exatamente assim durante toda a história, a promessa bíblica de Jesus[1] e a afirmação magisterial quanto à autoridade papal[2] não podem deixar dúvidas, se a Igreja indica alguém como figura de santidade, sua vida e obra são confiáveis.

O que acontece é que cada pessoa tem autonomia para aderir ou não a determinados elementos que não são parte do núcleo fundamental da Revelação trazida por Jesus, ou seja, os ensinamentos dos santos. Mas o fato de eu não aderir de forma pessoal, não me autoriza a combater ou menosprezar, afinal, é um patrimônio da Igreja, inspirado por Deus como luz para o caminho de santificação de tantos outros irmãos meus. Essa atitude se chama “livre uso da fé”, em outras palavras, o que não é a Revelação[3] e não é dogma, eu posso aderir ou não sem prejudicar minha fé católica.

Uma outra coisa a se levar em consideração é o que o Papa Francisco fala na Gaudete et Exsultate[4], ele diz que o que os santos viveram pode ser, em alguns casos, apenas “para nos estimular e motivar, mas não para procurarmos copiá-los, porque isso poderia até afastar-nos do caminho, único e específico, que o Senhor predispôs para nós”. Também devemos ter em mente que cada pessoa é única, num momento histórico determinado, num lugar preciso, e é com essas especificidades que cada um é chamado a, de modo original, manifestar a santidade de Deus.

Você não concorda com o que São Luís falou no Tratado? 0k. Você não precisa concordar para ir para o céu, mas o combatendo talvez você perca o seu estado de comunhão com o Deus que o inspirou para ser luz para tanta gente, incluindo inúmeros santos e Papas.

Não se identifica com o modelo de retiro inaciano? 0k. Não é o tipo de retiro que te leva para o céu, mas o quão dócil a Deus você é na obra de santificação que ele quer operar em você durante os retiros e também no seu cotidiano. Mas é bom saber que esse é o retiro experimentado, reconhecido e indicado por centenas de santos e Papas.

Acha Santa Teresinha muito cheia de coisinhas? Tudo bem, não é ela a porta do céu. Só que é bom não se esquecer que por trás de todo nhenhenhém da florzinha do jardim do Divino Rei, há uma doutrina espiritual tão profunda que a pequena rainhazinha foi declarada doutora da Igreja.

Quer saber a moral da história? Você não é o centro da fé católica! Ela não foi revelada por Deus para salvar apenas a você. Sendo católica, ela é universal em sua essência, ou seja, ela é caminho seguro de salvação para todos! Não é porque você, diante de um balcão self-service na hora do almoço, prefere comer o macarrão com molho vermelho, ou porque é intolerante à lactose, que o macarrão com molho branco deve ser retirado ou tido como prejudicial. Se o Senhor que nos convida ao Banquete nos oferece a opção do molho vermelho e do branco, é porque nenhum nos prejudicará. Sim, mesmo os intolerantes à lactose podem comer do molho branco se consumirem junto à enzima que lhes falta (lactase), que nesse caso pode ser a metáfora que indica a obediência filial à Igreja, Mãe e Mestra, que sempre nos dá a segurança de ao consumirmos o alimento que ela nos oferece sermos saciados e nunca prejudicados.

PS: E para quem quer fundamentação bíblica para tudo, vale lembrar que quem definiu o cânon bíblico foi a Igreja e que há textos bíblicos que recomendam buscar a autoridade apostólica/eclesial. Logo, estar em comunhão com o ensinamento da Tradição e do Magistério, que nos indicam a correta interpretação das Escrituras, é o que nos garante trilharmos um caminho seguro. Quem procura argumentos bíblicos para contradizer o ensinamento da Igreja tem que ir atrás do caminho de Lutero, não do dos Apóstolos.

[1]Cf Mt 18,18

[2]Concílio Vaticano I - Contituição Apostólica Pastor Aeternus. http://www.vatican.va/archive/hist_councils/i-vatican-council/documents/vat-i_const_18700718_pastor-aeternus_it.html

[3] Para saber mais sobre o ensinamento e entendimento da Igreja acerca da Revelação, é bom ler a Constituição Dogmática Dei verbum, do Concílio Vaticano II. http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html

[4]Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, 11. http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20180319_gaudete-et-exsultate.html


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