top of page

Entre Tradição e atualização, tem contradição?


Cada vez mais vai se acirrando uma briga de foice que divide irmãos de acordo com suas torcidas. Tem gente esbravejando sem nem saber bem pelo quê, pegam "tags" como causa própria e as defendem atacando os que defendem outras "tags". Poucos sabem se defendem algo defensável ou se atacam algo que deva ser atacado. Cada lado quer empurrar no grito seu time rumo à vitória e todos saem perdendo.


Uma triste constatação que cheguei sobre a realidade que vivemos, especialmente em tempos de redes sociais com as timelines sempre querendo saber o tempo todo "no que você está pensando?", é que muita gente manifesta opinião sem reflexão e a maioria das pessoas não sabe dialogar para buscar um aprofundamento na compreensão da Verdade. Essas pessoas querem apenas ter razão. Cansei de ver pessoas brigando enquanto falavam as mesmas coisas, mas por uma usar uma palavra diferente da outra continuavam a discussão, afinal, num lugar onde não há reflexão e desejo sincero de crescimento, ninguém quer deixar o outro ser o último a falar e parecer que ele ganhou o "debate". Assim sendo, os dois sempre saem perdendo independente de quem foi o último a falar.


Eu tomei como princípio que se uma pessoa só quer me convencer de algo e não tem abertura para juntas crescermos, eu nem exponho meu ponto de vista. Assim me policio para também eu não me tornar mais uma torcedora em vez de ser uma buscadora da Verdade (que é objetivamente uma só).


Tendo dito isso, acho importante deixar claro quais são os conceitos a partir do qual proponho uma reflexão. Porque se a gente parte de uma visão diferente dos conceitos, dificilmente nos entenderemos.



Primeira confusão que fazem: Tradição x tradição.

Para esclarecer é bom recorrer ao que diz o Catecismo da Igreja Católica: "A Tradição da qual aqui falamos é a que vem dos apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que receberam por meio do Espírito Santo. (...) Dela é preciso distinguir as "tradições" teológicas, disciplinares, litúrgicas ou devocionais surgidas ao longo do tempo nas Igrejas locais. Constituem elas formas particulares sob as quais a grande Tradição recebe expressões adaptadas aos diversos lugares e às diversas épocas. É à luz da grande Tradição que estas podem ser mantidas, modificadas ou mesmo abandonadas, sob a guia do Magistério da Igreja." (CEC 83)


Ou seja, a Tradição que é pilar da fé católica não é simplesmente um modo de fazer, mas a essência de uma realidade que tem um ensinamento importante sobre o que Deus quis revelar de si mesmo e que é relevante para a nossa salvação.


Especificamente sobre a posição do presidente na celebração da Missa ser voltada para Deus ou para o povo, vulgarmente tratado como se o padre está de costas ou de frente para o povo. Em ambos os ritos (antigo e novo, bem como nos outros 5 ritos existentes na Igreja Católica), o entendimento sobre o que é a missa se mantém o mesmo, ou seja, que a Santa Missa é a celebração incruenta do Memorial do Sacrifício Pascal de Cristo. Se cada rito for bem celebrado, com a dignidade que o Memorial incruento do Sacrifício Pascal de Cristo merece, não existe problema algum. O problema está em, em nome de “atualizações”, cometer abusos não previstos no rito e ferir a dignidade do culto. Essa briga fica no âmbito do “modo de fazer” não no da essência sobre a Revelação que a Santa Missa apresenta.


Já sobre as questões matrimoniais e recebimento da eucaristia, é diferente. O problema não está no âmbito do “modo de fazer”, mas no negar a fé da Igreja Católica em toda a sua história milenar sobre o matrimônio validamente celebrado ser indissolúvel “até que a morte os separe”, sobre tendo contraído o vínculo do matrimônio e estar em outra união ser adultério e sobre a necessidade de estar em estado de graça para receber a Santa Eucaristia.


Ninguém, nem mesmo o Papa (seja ele qual for) pode mudar a fé da Igreja, como escreveu o Papa Santo, João Paulo II na Carta Apostólica “Laetamur Magnopere” em que aprovou a edição e publicação do Catecismo da Igreja Católica, o que pode ser feito é “formular algumas verdades da mesma fé de modo mais conveniente as exigências da comunicação catequética atual”. A atualização pode se dar na forma de comunicar a mesma fé, não é atualização MUDAR o depósito da fé.


Então antes de querer levantar bandeiras, pense sobre a realidade que envolve cada posicionamento. Depois escolha se você quer ajudar a conservar o depósito da fé ou se quer romper com a Tradição (com T maiúsculo). Eu escolhi permanecer na fé da Igreja, com uma Tradição que se mantém embora haja atualizações na forma de comunicá-la.


Posts Destacados 
Posts Recentes 
Procure por Tags
Nenhum tag.
bottom of page