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Fãs de padres ou fiéis a Cristo?




Às vezes me pego pensando: quantos por trás de nossas devoções, na realidade, estão as idolatrias? Até quando reduziremos o agir de Cristo às características pessoais de seus ministros?


Há dois tipos de afirmações que muito me incomodam: "Missa boa é a do Pe Fulano" e "Mas quem disse isso foi o Pe Beltrano, então é!".


Missa boa é aquela que a gente sai com o coração cheio de Deus, com disposição de prolongar a eucaristia experimentada por meio de nossas atitudes cotidianas. E isso costuma acontecer na medida em que o padre aparece menos e mais revela a Cristo.


A situação se complicada quando o padre é transferido e daí tem gente que deixa de ir à missa no local/horário que antes ele presidia. E costumam justificar tal atitude alegando amor ao padre que era muito bom. Então, cabe a pergunta: Tudo de melhor que esse padre te deu foi a ele mesmo a ponto de na ausência dele você não recorrer a Cristo, o ÚNICO sacerdote, de quem os padres apenas participam do sacerdócio para serem seus ministros no serviço ao povo? Meu caro, se tudo que esse padre conseguiu foi despertar sua militância em favor dele mesmo ou instituir um fã clube, então, esse padre não foi um bom ministro de Cristo! E, sendo assim, você, que diz amá-lo, em vez de deixar de ir à missa, deveria intensificar suas orações na intenção dele. Ir mais às missas, fazer adoração ao Santíssimo e rezar o Rosário são boas pedidas para que seu querido sacerdote aprenda a lição de João Batista: "Importa que ele cresça e eu desapareça" (cf. Jo 3,30). O sucesso (êxito) de um padre está em formar discípulos de Cristo, e não fãs seus.


É bem verdade que há muitos padres bons e que se encontram com os desequilíbrios do rebanho... Isso me faz lembrar algo que Santo Agostinho escreveu: "Irmãos, suponhamos que um esposo fizesse um anel para sua esposa e esta tivesse mais amor pelo anel recebido que pelo esposo que lho fabricou; não é verdade que com aquele presente se revelaria que a esposa tem um coração adúltero, embora ela ame algo que é presente do esposo? É claro que ela ama algo que foi feito pelo seu esposo, mas se ela dissesse: 'Basta-me o seu anel, e não me interessa ver o seu rosto', que tipo de esposa seria esta? Quem não abominaria esta loucura? Quem não condenaria este sentimento de adúltera?"[1]. Quantas vezes coisa semelhante acontece com quem passa a amar mais ao sacerdote do que o Deus de quem ele é ministro?


Eu não me esqueci de que ainda há o caso do Pe Beltrano, né?

Infelizmente há padre que vê desequilíbrio na maneira de suas ovelhas viverem determinadas devoções e, em vez de orientá-las, opta por jogar fora a "criança junto com a água suja". E, diante disso, os fiéis megafones saem anunciando: "Mas o padre disse que é errado, então é!". Mas e se o padre está dizendo que o que é errado foi proposto por um santo canonizado que teve entre seus devotos um Papa, também canonizado, que em um documento pontifício citou o livro do santo condenado pelo padre, livro que o Papa Santo diz ter sido de suma importância em sua vida espiritual... Mas, afinal, se seu padre querido disse que está errado né? Quem é o Papa do século XX e canonizado para saber se uma leitura/prática espiritual é boa ou não!


Há padre por aí desfilando a patente de "Doutor em teologia" e defendendo a ideologia de gênero, dá pra acreditar? Inacreditável também é padre que, em nome de "atitude pastoral", cometa abusos litúrgicos diversos nas celebrações eucarísticas e interprete as Sagradas Escrituras sem estar em conformidade com a interpretação da Igreja. Maaaaaaaas, se o padre falou que é assim, quem são os Papas, quem são os santos ou a Igreja pra dizer diferente, não é mesmo?


O Padre tem razão naquilo que fala, quando fala em conformidade com o Evangelho de Cristo e a Doutrina da Igreja. No mais, tudo é água com açúcar, não sustenta e não cura.


Dizendo tudo isso, não quero de maneira alguma reduzir os padres a partir de uma visão utilitarista, "são bons porque nos servem!". Longe de mim! Devemos aos sacerdotes todo o respeito, zelo, apoio e acolhida possíveis. O sacerdócio católico é um dom que Deus dá a seu povo. É pela celebração dos sacramentos que a Redenção de Cristo tem seus frutos comunicados a nós. E isso de maneira nenhuma é coisa pouca! Mas jamais podemos nos esquecer de amar a Deus sobre todas as coisas e de sermos fiéis discípulos de Cristo.





[1] In Epistulam Iohannis ad Parthos tractatus decem, II, 11, in PL 35



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