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Adições inoportunas



"A simplicidade dos gestos e a sobriedade dos sinais, situados na ordem e nos momentos previstos, comunicam e cativam mais do que o artificialismo de adições inoportunas." (SCa 40)


"(...) não podemos esperar uma participação ativa na liturgia eucarística, se nos abeiramos dela superficialmente e sem antes nos interrogarmos sobre a própria vida." (SCa 50)


"(...) a melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia bem celebrada; com efeito, por sua natureza a liturgia possui uma eficácia pedagógica própria para introduzir os fiéis no conhecimento do mistério celebrado." (SCa 64)


A segunda parte da Sacramentum caritatis trata da Eucaristia como mistério celebrado e põe em evidência alguns aspectos que devem ser trabalhados com maior atenção em nossas comunidades para os fiéis participarem bem e de forma devida da celebração eucarística.


Um primeiro ponto interessante a ser destacado é a questão da simplicidade dos gestos e da sobriedade dos sinais (cf SCa40). Nada na celebração eucarística foi colocado por acaso, cada gesto, cada sinal tem uma razão de ser, um momento exato para ser expresso, mas o que ocorre muitas vezes é que vão se fazendo acréscimos e adaptações que, ao invés de colaborar com a celebração, acabam por anular alguns de seus aspectos. Algo que é constitutivo da celebração litúrgica da Eucaristia e que frequentemente é prescindido é o ato de fazer silêncio. Para muitos o silêncio é uma falta de ação e não uma atitude concreta, pensam que é só um momento entre um gesto e outro, enquanto se prepara a próxima ação, esquecem-se do valor do silêncio enquanto contemplação, reflexão e ato de adoração a Deus. Em toda situação de silêncio na celebração, há sempre alguém pronto para fazer um comentário, ainda que redundante e desnecessário, ou algum músico para fazer um fundo musical para não deixar o silêncio ser vivido. O exemplo do silêncio é um dos diversos casos que percebemos, infelizmente, que a celebração litúrgica da Eucaristia é prejudicada por aquilo que o Santo Padre chama de "adições inoportunas".


Esse chamado de atenção do Papa para as "adições inoportunas" deveria servir como incentivo às assembleias litúrgicas para promover celebrações conforme a instrução da Igreja. A Exortação Apostólica diz que "a melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria eucaristia bem celebrada", que ela "possui eficácia pedagógica própria para introduzir os fiéis no conhecimento do mistério celebrado" (cf SCa 64). Se os gestos corporais fossem bem executados e os sinais bem introduzidos, certamente as celebrações seriam mais ricas e melhor vivenciadas pelos fiéis.


O Papa Bento XVI diz também sobre a impossibilidade de uma participação ativa na liturgia se dela nos aproximamos apenas superficialmente, e que toda a vida deve estar conformada ao Mistério celebrado. Mas, se o Mistério não for bem celebrado, como poderá o cristão ter sua vida conformada a ele de maneira a dar frutos em sua vida cotidiana? Talvez devêssemos pensar mais em quanto a nossa vida tem influenciado a nossa participação na celebração eucarística de forma negativa, projetando nela nossas preferências em vez de a assimilarmos, tal como deveria ser, no nosso dia a dia. É necessário buscar que a Eucaristia nos molde mais do que nós a temos moldado.


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