Quem é você para julgar?
Em tempos em que é tão fácil manifestar o próprio pensamento de forma pública, em que a grande maioria se acha detentora da verdade só por estar de acordo com as ideologias reinantes e que é tão fácil interagir e manifestar suas contrariedades, quem nunca se deparou com isso? Muitas são as pessoas que usam a frase "Quem é você/sou eu para julgar?" como meio para endossar comportamentos contrários à Lei Natural e à moral cristã e para promover argumentos intelectualmente desonestos. Mas, afinal, quem é que pode julgar, né? Nem Cristo condenou ninguém!
Será que as coisas são assim mesmo como os relativistas dizem?
Em primeiro lugar, vale lembrar que, é verdade, Jesus não manifestou condenação a nenhuma pessoa, pelo contrário, colocou-se sempre ao lado de tantos quantos eram marginalizados. E é justamente isso que aqueles que conhecem superficialmente a vida e o ensinamento do Cristo se utilizam para concluirem o seguinte: não se deve condenar nada nem ninguém, todos são livres para fazer tudo o que quiserem, qualquer opinião contrária é intolerância.
Mas o que dizer então de Jesus que, diante de um comportamento impróprio à condição de filha amada de Deus, chamada à santidade, diz à pecadora pública: "Eu também não te condeno", viu só? Jesus não a condenou! No entanto, continuou dizendo: "Vai e, de agora em diante, não peques mais" (cf Jo 8,11). Jesus não condenou a mulher adúltera, Ele, porém, deixou claro que a prática do adultério não deveria ocorrer mais. Jesus não condenava as pessoas, ele apontava com clareza quais eram os erros cometidos por aqueles que com Ele se deparavam.
Não acredito que seja à toa que o relato sobre o encontro de Jesus com a mulher adúltera esteja narrado em Jo 8, 1-11 e que logo no versículo seguinte ele tenha afirmado: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida" (cf Jo 8,12). Faz parte da missão de Cristo denunciar toda obra das trevas para que os filhos de Deus possam caminhar na luz.
Se quem é cristão o é por ser chamado a ser um outro Cristo na realidade em que se encontra, é chegado o momento de assumir seu papel profético de ser luz do mundo! Basta de cristãos omissos assistindo às trevas invadirem a sociedade e as famílias. Chega de manter silêncio em nome do politicamente correto! Essa não é a escola de discipulado de Jesus. Nosso mestre, diante dos erros alheios, se manifestava. Não para condenar, mas para que, alertados sobre os erros e pecados, pudessem rever suas opções e fazerem escolhas melhores.
Caridade nada tem a ver com indiferença pelas opções alheias. É justamente por amar ao próximo que você deve alertá-lo quanto aos caminhos tortuosos pelos quais ele tem andado. O respeito deve se dar em primeiro lugar ao próximo enquanto filho amado de Deus, criado à sua imagem e semelhança, e tudo o que ofenda essa verdade ontológica do ser humano deve ser combatido, a menos que as pessoas em consciência e liberdade optem pelo contrário.
Em vez de rotular quem tem a opinião diferente das bandeiras midiaticamente levantadas atualmente, tenha senso crítico, pesquise os argumentos favoráveis e contrários, busque saber o que está por trás das ideologias, busque a Verdade. E quando a encontrar vai descobrir que ela não é relativa e que há, sim, uma Verdade absoluta, uma lógica por trás da Lei Natural e que a realização humana se dá na medida em que se vive em conformidade com ela.
Antes de chamar alguém de homofóbico, só porque você quer usar a palavra da moda, pergunte a esse indivíduo qual o conceito de pessoa ele tem. Antes de chamar alguém de intolerante, veja se não é você que está agindo dessa forma pelo simples fato de ter se deparado com alguém que pensa diferente de você. Quer um mundo melhor, comece por você!
Se você é Cristão, uma boa maneira de começar a ser uma pessoa melhor para tornar o mundo um lugar melhor é viver como um autêntico discípulo de Jesus, o Mestre, sem restrições para acolher as pessoas e sem medo de denunciar os comportamentos errados.